"O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço."
Gastei os últimos restos de energia a bater com os punhos na parede do entendimento, da busca, da compreensão.
O som, baixo e pesado reflecte a amargura deste silêncio
em que mil demónios de carga apertam as garras avarentas
e empurram impacientemente para a queda final
e as mãos pingam o sangue da dor que provém da minha alma.
Parece-te que exagero? entendo.
Dá-me a tua mão e caminha comigo.
Sê bem vindo ao meu Eu profundo
onde os rios enegreceram e as montanhas se aplanaram.
Onde as sementes que plantei e reguei com amor fenecem agora de sede...
Já não há nada dentro daquela carcaça que vês.
Porque eu estou cansada.
Ainda mais cansada que Pessoa.
O mundo apunhala sem dó os pontos fracos do meu corpo e eu já não consigo escudar-me.
Já não me resta mais alma para ouvir palavras duras
e deitá-las simplesmente para o monte de cinzas que reciclo de vez em quando
e transformo naquele céu vítreo e brilhante que vias no meu sorriso.
elas permanecem agora comigo, e amargam, e matam...
E o tempo não chorará a minha morte, aquele diabo miserável
nem lágrimas caem na agonia dos meus gritos
E tu, meu amor, não chores por mim.
Tornar-me-ei também eu um demónio fundido em corpo de mulher
que só quer magoar e causar tanta dor como aquela que sente
e a insanidade segue assim o seu curso
e os ecos do meu legado desvanecem-se com o tempo...
SLL
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