sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Livre!!!



Livre, livre, livre
como o ar que vai e que volta
cada dia, um desafio, cada segundo, aprendizagem
cada gesto, um gesto de Amor...
Como seria belo o mundo
se em vez de mesquinhez, azedume e vinganças,
a palavra de ordem fosse a PAZ
não a paz do dicionário
a paz profunda que vem de uma consciência lavada pelo orvalho matinal
e que provém do âmago intocável do SER
a paz que advém do AMOR.
Livre, livre, livre...
como um pássaro que voa, em perfeita harmonia
como alguém que luta sem desistir
porque assim o deseja.
Quão livre é o Amor? a Paz? a Confiança?
Tão livres como o coração de quem os possui.
Sempre e para sempre.


SLL

domingo, 12 de outubro de 2014

Nuvens



Ah, a poesia,
esse imaginário colorido.
Espírito de pensamentos e palavras
fluidas e harmónicas
em sinfonia presente de sentimentos.
Neste entrelaçar
das cordas formadas pelos meus traços no papel,
se formam as métricas desmedidas
e as rimas que não existem
a não ser nas minhas próprias melodias.
Dia após dia, vou tecendo esses fios
para obter a força
que sinto necessária...
mas o vazio resultante
da firmeza e do rigor,
acusa o cansaço extremo
dos sentidos.
Nesta maré que flui,
nesse entrelaçar de nós e de emoções,
completa-se a estrutura
de uma vida plena...
de uma vida vazia...
assim, quando eu partir,
que seja como as flores, que adormecem
e caem, pétala a pétala.
Ou talvez como uma nuvem
que, ao afastar-se
deixe atrás de si um rasto de fiapos brilhantes
que caem do céu, como chuva ligeira
e suavemente, em forma de beijos,
desçam com ternura sobre os teus cabelos...

SLL

sábado, 11 de outubro de 2014

Ausência



Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces 
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu,
porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente,
a tua voz ausente,
a tua voz serenizada.


Vinicius de Moraes.