O luar reflete-se no alcatrão da estrada
carros cruzam-se. seguem rumo a um destino que ignoro
ouve-se o vozerio de homens e mulheres cujos diálogos se repetem vezes sem conta até se tornarem mecanicamente decorados e repetidos dia após dia, como robots de igual programação...
ontem, assim foi. hoje, assim é,
e... amanhã? quem sabe?
o mesmo vozerio, os mesmos carros que passam, o mesmo luar prateado a formar os seus reflexos no piso molhado...
...o silêncio faz-se sentir, subitamente...
cada ser transforma-se num mundo, um mundo para cada ser
e em cada um desses mundos, o mesmo silêncio!
- medo, como primeira reacção...
- confinamento, como sensação seguinte...
- ausência total da voz... apenas o pensamento a agir sobre cada mente
...reflexões...
Como sair dali e voltar ao mesmo corrupio de sempre? ao vozerio? à multidão???
Nada! apenas o silêncio e o pensamento. questões como:
-que faço eu aqui? - ou mesmo - quem sou eu?
...e de novo o vazio...
e todos aqueles homens e mulheres que ainda há pouco conversavam e observavam o luar e a estrada, encontram-se afinal presos ao silêncio da própria ignorância, procurando através da sua indiferença obter as respostas às perguntas que sempre fizeram questão de ignorar...
perante elas, acha-se agora a necessidade de reconhecer de uma vez por todas a sua própria verdade, quantas vezes obscura.
e continuarão, eternamente presas ao seu próprio silêncio, porque não permitem que a luz prata brilhante penetre no alcatrão negro, em vez de reflectir-se nele apenas.
SLL
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