Que cansaço estranho este que me invade enquanto a noite cai e a lua segue o seu rumo no céu infinito. No silêncio dos sonhos, vagueiam lobos uivando ao sabor da brisa e a natureza canta melodias que nos abraçam e envolvem.
Mas este cansaço, esta estranha fadiga que me deixa apática até perante os sonhos, que me acompanha a cada passo que dou a cada palavra que não digo... ah, se eu soubesse, se eu soubesse o seu nome... para ter a certeza da sua partida!
Seguro hoje nas mãos, palavras vindas de pensamentos quebrados e desejos incompletos...
Só o Amor me permite Ser: o Alfa e o Ómega.
O princípio e o fim do infinito, sem manual de instruções.... o uivo dos lobos, o som do silêncio, as letras misturadas de um poema o coração apertado... e a noite que não tem fim.
Não é possível, no cômputo geral dos factos, deixar este texto passar em branco sem o trazer para reflexão.... não é de minha autoria, mas podia tê-lo escrito, no entanto nunca tão bem. E sofre este jovem de 32 anos pelos mesmos sentimentos e cansaço de uma mulher de 41, com 10,000 a pesar-me na alma? Sim... é sentido. E espelhado.
Após uma longa ausência, quem sabe mais prolongada do que o esperado, regresso à escrita com a serenidade de um Pai que esteve longe do seu filho primogénito para seu próprio bem. Apesar de mais esgotado do que nunca, a ânsia de esvaziar o pensamento trouxe-me aqui…
Recomeço com o cansaço marcado no rosto e a desilusão na alma. Hoje, enquanto escrevo este texto, o vento trouxe-me uma necessidade absoluta de mudança. Virou. Cansei de caminhar na direcção contrária e de arrastar comigo um peso que não é meu. Cansei de procurar e fazer força. Abro a mão, liberto os pés e deixo o vento levar-me para onde a Vida quer. O único peso que carrego nas minhas costas, é a minha sombra. Essa que faz parte de mim e se mostra quando o sol está radiante, e me apoia, bem cá dentro, quando escurece. Não posso carregar mais porque não consigo. A minha responsabilidade pelo que poderia ter sido e não foi é zero quando atrás de um Universo de aparências há loucura e destruição.
Em algum momento da minha Vida devo ter sido amaldiçoado porque, não raramente, as pessoas que mais me dizem amar são as que rapidamente se tornam minhas inimigas e me odeiam com uma força destruidora. Não duvido que me odeiem porque são incapazes de ver a sua imagem refletida no meu rosto. Eu sou o espelho do que as pessoas realmente são porque não guardo nada para mim. Sinto uma necessidade louca de dizer, transpor em palavras o que sinto. Sem fugir. Não fujo de qualquer debate, discussão ou confronto. Não devo nada a ninguém, e nunca fizeram por mim o que tento, tantas vezes, fazer por terceiros. Não sou condescendente porque sei quanto custa viver. Sei mais do que deveria e aprendi antes mesmo de falar, andar ou escrever.
O mundo é um lugar estranho. Ao invés de as pessoas se adorarem, fazerem amor, abdicarem um pouco de si, vivemos numa época em que o umbigo e o ego de cada um são maiores que o planeta em que vivemos.
Não há espaço, não há margem ou rio que não transborde de arrogância.
Há muito queria ter força para mudar algumas coisas, mas hoje aprendi que o cansaço também é capaz de trazer contida um resto de esperança. Pelo cansaço se sente o palpitar de uma mudança, pela força de viver se consegue.
Ando cansado como nunca estive nos meus 32 anos. É muita coisa ao mesmo tempo, pouco tempo para absorver, muita confusão na minha cabeça e uma enorme lista de coisas para resolver. Sempre fui uma pessoa de resolver. Não faz parte de mim a indefinição de um tempo que não se cumpre.
Eu não vivo de mentiras, promessas quebradas ou juras enganadoras. Sempre me entristece qualquer desses acontecimentos. Ora, se eu não falto à minha palavra, se eu não quebro as minhas promessas, nem juro algo para daí a 2 ou 3 dias falhar, porque tenho de me sujeitar a ultrapassar questões que não coloco?
O mundo está, de dia para dia, a tornar-se um lugar muito estranho para mim. Já não me chega o isolamento. A maldade sempre acha caminho. A arrogância, sempre passa por entre as grades. O egoísmo, sempre desperta com o meu sucesso.
Estou cansado como nunca estive e só isso me impede de sair pela cidade e espairecer um pouco. A tristeza existe não porque mereça directamente, mas porque indirectamente a deixei entrar na minha vida e permanecer. Enquanto escrevia este texto o vento trouxe-me uma vontade terrível de mudar. Talvez deitar-me ajude um pouco. Mesmo que não durma saberei sempre que o corpo está em paz com a cabeça.
Bastava me deixarem, e quererem, e eu seria muito feliz. Um dia entenderei o que tanto procuram estes guerreiros do vazio. O que defendem?
A honra de Nada? Os seus próprios interesses, acima dos interesses gerais? A sua alegria? A sua felicidade? Não me parece.
Acho que apenas não querem, e não querendo, não conseguem viver em paz. O pior é que com isso roubam a paz de quem precisa disso para descansar finalmente…