Acendo velas para celebrar a Luz
pois apesar de ser dia, a escuridão adivinha-se densa algures...
Por isso todos os dias me visto de força, de espada e de escudo
e nesse trajo esplendoroso, permito-me ser livre.
Nada temo dos opróbrios dos meros mortais
nem me aterrorizam os seus insultos,
prossigo, limpando apenas as suas imagens da sola dos sapatos como se de pó se tratassem.
A mudança aproxima-se inexoravelmente
e calmamente me despeço de tudo o que me não serve.
Chega a hora de cortar os laços e entregar o fio a Ariadne:
nascimento, vida, morte
renascimento...
ciclo contínuo numa roda existencial e perene.
Quantos não zombam do nascimento de uma "ilusão"
que não é mais que a Luz que os "cegos" não querem ver?
Descanso por breves instantes, na sombra dum carvalho antigo
onde dançam as Dríades, e chovem gotas de orvalho...
esta alma tão antiga como a minha, lembra-me da necessidade de deitar os meus fardos à terra
a fim de que o fogo interior se expanda até alcançar os confins mais longínquos do universo
e permitir que as almas sem brilho nele se possam ao menos aquecer.
E enquanto os espíritos da natureza brincam à volta desta árvore sagrada,
a roda continua o seu percurso...
SLL2015